sábado, 30 de junho de 2012

Vestígios desnudos

Para Catharine Castro Por ocasião de seu aniversário Ainda não aprendi (Por pura fraqueza humana por certo) Conhecer inteiramente as pessoas A descobri-las em seu infinito. Enquanto tempo Te for acrescido Fique comigo Tome minha mão Andemos juntos. E fale sempre (de tudo) E aja sempre (qualquer passo em falso consertamos) É preciso se dar a conhecer Aproveite o tempo. Já dispomos de muitas pistas De quem você é. Já ficaram ao longo dos anos Passados muitas marcas Em minha retina que meu consciente Vem processando Até aqui Tem sido um prazer Te conhecer E nesse quesito Parabéns pra você. Sabor do tempo Hoje amanheci Pensando que o caminhar Do tempo é um dom Que é bom Passar o tempo E nele como que navegar Ao sabor dos ventos batendo Nas velas (frágeis) da pequena Embarcação passageira De mares nem sempre calmos E por ajuda de Deus Chegar sempre a bons portos.

Rubrica

O tempo me fascina. Certamente por que O tempo tempo a tempo Sua rubrica em mim assina Rubricar é uma invenção Engraçada pra resumir o tempo Tempo que se poderia perder E que se não quer perder A verdade atemporal É que todo mundo Quer tempo E até passa a assinar-se Por completo ao logo do tempo Só o tempo Dá-se direito A rubricar em nós Sua assinatura Me fascina o tempo. O passar dele. Já que nunca se atrasa Como falo do que enche Meu coração, Não se irrite Voce que por acaso Está lendo essa peça Porque de um jeito Ou de outro você Admira o tempo Só não é meio fresco Como eu que escrevo Sobre o nosso tempo. É que, meu amigo, O poeta é meio fresco Do tipo que tira tempo Até pra falar do tempo Com tanta coisa pra fazer.

MINHA POESIA

Na falta de uma bela voz Pra cantar excitantes canções Românticas que nem faz Caetano E que sai suave na voz rouca de Arnaldo Antunes Faço Poesia pra Ti E nela despejo meu encanto Que nem se despeja a Chuva sobre a terra Ti faço meu canto Na falta que me faz Ter vultosa fortuna Pra comprar pra Ti O farol do mar, o Mar, Senhor Maior Os barcos que lambem os pés desse grande E lotear a praia, o quebra-mar e as dunas Que se movimenta que nem teus cabelos Que só difere delas porque são negros Faço Poesia pra Ti E nela navego que nem um barco manso Empurrado pelo vento que sopra em suas velas de pano Na falta de ter uma Ferrari Vermelha cor do amor Pulsante que nem a paixão Rara que nem a pessoa certa Para completar a outra Na falta de uma Ferrari Me perdoe por ainda não tê-la Faço Poesia pra Ti Faço Poesia pra Ti Porque se me falta E me faz falta muita coisa Pra te cortejar Sentimento não falta E em pequenos gestos Vou me derramando Que nem água que rega a Flor.

CONVERSA FIADA. SERÁ MESMO? (Micro conto)

Sabe aquelas conversas bobas quando a família está reunida? Aquelas em que se fala de tudo e não se fala de nada sério? Num desses dias, ou melhor, já era de noite. Estávamos eu, minha esposa e um dos meus filhos na sala. De frente da TV, o jornal notícia novas sobre o futebol brasileiro. Era o fracasso dos times brasileiros na “libertadores”. Minha esposa saiu com uma... Meu time tinha a vantagem de perder de um gol, mas perdeu. Droga! Gosto nem de pensar. Ela disse o teu Flu... hein? Perdeu feio! Ela não podia ter dito coisa pior. Por isso digo que nessas conversas falam de tudo e não se fala de nada sério. Eu respondi: não foi só o meu Flu... que perdeu, foram todos os times brasileiros. Ela disse: mas eu estou falando do seu Flu... e não dos outros. E pra irritar mais ainda disse: não mistura as coisas. Essa conversa tola me fez refletir sobre algo mais importante. Se você e mais dez pessoas fossem flagrados burlando uma regra do trânsito mas somente você recebesse a punição, como você reagiria? Acho que dizendo: porque os outros não foram punidos também? Ah, não aceito, não? Vou reivindicar os meus direitos? Não seria essa a sua e a minha reação? Eu vou irritar a você d jeitinho que minha esposa a mim: Não mistura as coisas, não. Pague por sua punição. Você está errado. Deixa a vida dos outros pra lá. Se você reconhece seu erro é menos um mau caráter no mundo. O seu erro não deixa de ser erro porque os outros não foram punidos. O meu time não mudou sua situação só porque eu argumentei que os outros também foram desclassificados. Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão (Mateus 7.5). Luiz Flor dos Santos.

Meu pequenino Miraí

São tantas as vezes que As gentes querem ir Muito rápido até O passo seguinte Só pra descobrir depois Que o início era saboroso Saboroso demais para ser Deixado tão apressadamente Que era melhor lamber o doce Sem querer devorá-lo de vez Sob pena de ficar sem O doce gosto de ir Comendo, enjoando Desprezando e voltando a ele Comendo pelas beiradas O doce que se tem à mão Que só na aparência Parece o mesmo Só na aparência mesmo Ai, meu Deus, eu era tão feliz No meu pequenino Miraí Eu igual a toda meninada Era feliz e não sabia No meu pequenino Miraí.

O MELHOR ENTRE TUDO

À Valdélia minha querida esposa Uma mesa com quatro cadeiras Uma pizza com seis pedaços Uma varanda arejada e belas lajotas O tom escuro-brilhante da noite Uma garrafa com 600 ml Dois copos à nossa frente Uma criança brincando Uma mulher morena De pele brilhante Sorriso belo Fala mansa Postura amável Um homem de 42 anos Babando olhando pra ela.

MEU AMOR

À Valdélia Hoje o amor Acordou comigo Saiu para trabalhar Deixou seu aroma Uma doce lembrança E o desejo em mim de que volte logo. Ah! Que doce dia! Luiz Flor.

DI-FUSÃO

A professora explicava na aula Da fria química com a empolgação De quem descobre algo novo O processo da difusão Difusão é a ação do desprendimento. A liberdade de uma substância Encarcerada em um triste espaço Para a liberdade do vasto espaço Foi a seguinte a comparação Para explicar a difusão (Chave que abre a porta Da liberdade): Pensem no perfume contido Nas insensíveis paredes do frasco Preso hermeticamente por uma rolha Olhando pela limpidez do vidro E desejando o espaço exterior Quando a tampa se remove O aroma sai afoitamente Do ambiente fechado do frasco (A cadeia que o Detinha) O sabor dessa imagem Da liberdade libertou minha mente Presa na fria sala mais fria ainda pelo Aparelho de ar condicionado Respirando seu bafo frio Se desprendeu minha mente Para pensar em Ti querida Com a liberdade do perfume que fugiu Do frasco que se desprendeu magicamente E permeou a sala da minha imaginação Depois das palavras empolgadas Da professora da fria química Minha mente se desprendeu Em direção à Tua lembrança Que estava distante de mim Apenas geograficamente Toda essa divagação Me veio na fria aula de química Em que se explicava o processo da difusão (Chave que abre a porta Da liberdade).